O Reino Unido vai apoiar o esforço das forças francesas para travar o
avanço dos radicas islâmicos na África ocidental, através do envio de
330 soldados para o Mali e países vizinhos. A informação chegou ontem do
número 10 de Downing Street, num comunicado que adianta ainda que parte
desta força – cerca de 40 – são instrutores militares que irão apoiar a
formação de soldados no Mali, enquanto outros 200 soldados britânicos
serão destacados para os países africanos vizinhos.
Também ontem, os líderes africanos e as autoridades internacionais
prometeram centenas de milhões de dólares de apoio ao Mali. A reunião
decorreu na Etiópia, no âmbito de uma conferência com vista a angariar
fundos para financiar as operações militares contra os grupos rebeldes
que em Abril do ano passado assumiram o controlo da antiga colónia
francesa.
Cerca de 600 milhões de dólares (quase 445 milhões de euros) foram já
garantidos, incluindo mais de 120 milhões do Japão e 96 milhões de
dólares dos EUA. A conferência aconteceu um dia depois de as forças
francesas terem recuperado a antiga cidade de Tombuctu sem encontrarem
qualquer resistência. Depois de, no sábado, terem retomado a maior
cidade no Norte do Mali, Gao, as tropas francesas deverão agora ter as
atenções focadas no último bastião rebelde, Kidal.
A conferência de Addis Abeba reuniu os líderes e as autoridades
africanas e representantes tanto das Nações Unidas como da União
Europeia e da China. Não foi para já definido qualquer tecto para o
montante que a conferência deverá angariar, mas alguns diplomatas
sugeriram que pelo menos 700 milhões de dólares serão necessários para a
missão internacional (liderada pelos países africanos) de apoio ao Mali
e para reforçar as tropas do país, sem contar com os avultados custos
do apoio humanitário.
A falta de fundos e de recursos logísticos está a atrasar os esforços
das tropas africanas para apoiarem o exército maliano. Até ao momento,
apenas 2 mil soldados foram enviados para o país, com a parte mais
significativa do esforço de guerra suportado pelos 2500 soldados
franceses. A França iniciou no dia 11 de Janeiro a sua ofensiva no Mali
contra aqueles grupos rebeldes, que mantêm ligações à Al-Qaeda.
O presidente do Mali, Dioncounda Traore, agradeceu a “toda a comunidade
internacional” a ajuda ao país e lançou ainda um apelo ao mundo
muçulmano para apoiar os actuais esforços, demonstrando que “o islão, na
sua verdadeira dimensão, não se deixa usar para encobrir acções de
terrorismo e crime organizado”.
Durante o dia de ontem, as tropas francesas e malianas consolidaram as
suas posições em Tombuctu – Património Mundial da UNESCO. Depois de
quase um ano de ocupação pelos islamitas, mais de metade da população
abandonou o coração cultural do Mali e algumas das suas famosas
bibliotecas e santuários foram incendiados pelos rebeldes quando se
viram obrigados a fugir da cidade. Não se sabe ainda o que ardeu, mas
ter-se-ão perdido valiosos manuscritos históricos.
Fonte: Ionline
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