O primeiro-ministro da Rússia, Dmitry Medvedev, espera fechar acordos
na área de defesa e tecnologia nuclear com o Brasil nesta semana,
durante uma viagem destinada a consolidar as relações entre dois países
do Brics, que têm uma população combinada de 330 milhões de pessoas.
A
visita de Medvedev ao Brasil, nesta quarta-feira, se segue a uma viagem
feita pela presidente Dilma Rousseff a Moscou em dezembro do ano
passado, que ressaltou a importância que ambos os países atribuem à
construção de relações entre o grupo de economias emergentes.
Os
países do Brics --Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul-- somam
um PIB de 14,9 trilhões de dólares e tornaram-se cada vez mais ativos em
suas críticas contra a preponderância das nações desenvolvidas na
economia mundial.
Os laços entre Brasil e Rússia têm sido
reforçadas e os países pretendem aumentar o volume de negócios do
comércio anual a 10 bilhões de dólares dos atuais 6,5 bilhões de
dólares, em parte por mudar para moedas nacionais as transações
bilaterais.
O governo russo vai destacar sua experiência no setor
de energia e tecnologia, segundo um alto funcionário da delegação russa,
uma vez que o Brasil pretende construir várias usinas nucleares até
2030, além da já existente Angra 1, que representa 3 por cento do total
da eletricidade gerada no país.
"Nós gostaríamos de oferecer a
nossa participação na construção de usinas nucleares e gostaria de
receber um convite para participar da (próxima) oferta", disse o
funcionário.
Ele disse ainda que a Rússia poderia realizar o
treinamento da equipe nuclear do Brasil, projetar reatores de pesquisa e
suprimentos de combustível nuclear para as usinas futuras entre outras
opções que estariam sobre a mesa.
Medvedev também vai tentar
promover a venda de sistemas russos de mísseis antiaéreos para o Brasil,
incluindo mísseis Pantsir S1 combinados e sistema de artilharia e
Igla-S portáteis mísseis antiaéreos.
"Já assinamos um protocolo
comercial no fornecimento do Igla-S, que também prevê a possibilidade de
produção sob licença, mas as negociações estão em andamento", disse o
funcionário. "O lançamento da produção com licença pode levar algum
tempo, mas expressaram interesse em importar o Igla-S."
A visita
permitirá à Rússia, segundo maior país exportador do mundo, aproximar-se
de um negócio de armas final, largamente visto como uma entrada
simbólica no mercado de armas da América do Sul, depois que a Rússia
perdeu alguns contratos importantes, como resultado dos levantes da
Primavera Árabe no Oriente Médio e África.
Medvedev também vai
discutir o possível aumento do fornecimento de carne brasileira para a
Rússia, seu maior comprador, disse o funcionário russo, mas as
autoridades sanitárias de Moscou vão querer se certificar que os padrões
são compatíveis todas as exigências necessárias.
"O lado
brasileiro demonstra interesse em aumentar a oferta de carne para a
Rússia e estamos prontos para essa cooperação", disse a fonte. "Mas isso
não diminui a importância dos mecanismos (sanitários) de controle, que
estão em vigor não só na Rússia."
A Rússia disse no ano passado
que seria improvável proibir as importações de carne bovina do Brasil
devido ao caso suspeito de encefalite espongiforme bovina atípica.
O
premiê russo também visitará Cuba, um ex-aliado da época da Guerra
Fria, onde o governo espera assinar acordos na áreas de medicina,
espacial e de aviação, incluindo possivelmente de fornecimento à Havana
de três jatos ucraniano-russos Antonov-158 (AN-158).
Rússia e Cuba mantiveram um volume de comércio de cerca de 200 milhões de dólares ano passado.
Fonte: Jornal da Cidade
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