Talvez o mais complicado dos problemas da antiga super-potência soviética seja o da demografia. A redução da população russa é um problema que preocupa os sucessivos governos da dupla Putin-Medvedev desde que chegou ao poder há já quase 16 anos, mas nenhuma das politicas desenvolvidas levou a mudanças significativas na demografia.
A população russa está estabilizada, mas a tendência é para diminuir. Neste momento existem 139 milhões de russos, mas dentro de pouco mais de 35 anos, em 2050, a população do país ficará em torno dos 100 milhões. Nessa altura a Turquia terá 98 milhões de habitantes e o Irão terá 85 milhões. A queda da população afetará não apenas a Rússia mas também países como a Ucrânia, a Romenia e os estados do Báltico.

Mas mais grave que esta redução dramática da população, é a percentagem da população russa que vive nos gigantescos e quase deserticos espaços do extremo oriente russo.

Aqueles territórios passaram para as mãos dos czares quando começou a expansão colonial russa, com o grande salto para oriente, com as conquistas de Ivan IV (também conhecido como o Terrível) em meados do século XVI, quando começou a expansão das potências europeias.

A expansão russa ocorreu numa altura em que a China se encontrava em sérios problemas. A pressão das potências ocidentais que chegaram ao extremo oriente após o século XVI, ajudou a enfraquecer a China e facilitou à Rússia o controlo de vastíssimos territórios, tão vastos que incluíram mesmo o extremo noroeste do continente americano, que hoje conhecemos como Alaska.

 
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Mas pela primeira vez desde que as forças comandadas a partir de Moscovo se começaram a mover para leste, o gigante asiático aparece agora com um vigor completamente renovado e com uma força e uma disposição que nos últimos 500 anos tinham sido desconhecidos das potências europeias.

Peso demográfico chinês
As fronteiras da Rússia são reconhecidas pela China e não é previsível que venham a ocorrer problemas nos próximos anos, mas mesmo sem esses problemas, há uma autêntica bomba demográfica na região que poderá explodir e criar problemas.

Oficialmente existem cerca de 7,5 milhões de habitantes no extremo oriente da Rússia e desses estima-se que 6 a 6,5 milhões sejam russos étnicos. Em termos populacionais a população russa do extremo oriente é mínima e a Rússia aparece como um anão perante países com populações muitíssimo superiores.

Para complicar as coisas, a Rússia não está a conseguir controlar a imigração ilegal chinesa para a fronteira norte.
Segundo estimativas recentes, a população chinesa no extremo oriente russo, poderá ter aumentado em 1,5 milhões de pessoas apenas nos últimos dois anos.
As autoridades russas não divulgam dados oficiais sobre a população etnicamente chinesa que já vive na Rússia asiática, mas há estimativas que apontam para valores que vão de dois até cinco milhões de chineses no extremo oriente russo, o que poderia elevar a população real para 9,5 a 12,5 milhões. A proporção de chineses naquela região da Rússia estaria assim entre 20% a 40% da população residente.

O problema está a deixar os russos no extremo oriente cada vez mais nervosos. Autoridades locais já sugeriram que se promova uma imigração em massa de pelo menos 5 milhões de pessoas para a região, mas hoje esse tipo de movimentações de massas já não funciona como funcionava nos tempos de Estaline.

Além disso as regiões russas que deveriam contribuir com contingentes de população, também têm os seus próprios problemas de redução populacional.
Entre as medidas de emergência, as autoridades russas não estão a dar qualquer beneficio social aos trabalhadores chineses e não permitem que tenham filhos em território russo.

Com o aumento da belicosidade dos chineses, há quem se lembre que grande parte da Rússia no extremo oriente, incluindo cidades como Vladivostok, pertenciam à China até meados do século XIX e que só a derrota chinesa frente aos britânicos a sul, forçou o gigante asiático a ceder territórios aos russos.