Quem acompanha o noticiário tecnológico sabe que já vivemos ataques eletrônicos velados entre os Estados Unidos, a Rússia e a Coreia do Norte há algum tempo, apenas para citar os mais evidentes. Com o desenvolvimento das redes e de um mundo ainda mais conectado, a projeção é de que os conflitos aumentem nos próximos anos. Por isso mesmo é que o secretário-geral das Nações Unidas (ou United Nations — UN), Antonio Guterres, pede com urgência por um tratado global, com o objetivo de diminuir o impacto desse combate virtual sobre os civis.

“Episódios de guerra cibernética entre os estados já existem. O que é pior é que não há um esquema regulamentar para esse tipo de guerra, não está claro como a Convenção de Genebra ou o direito internacional humanitário se aplicam ela”, comentou Antonio Guterres, em declaração feita durante cerimônia na Universidade de Lisboa, nesta segunda-feira (19), em Portugal. As informações são da Reuters.
"Estou absolutamente convencido de que, de forma diferente das grandes batalhas do passado — que iniciaram com a barragem de artilharia ou um bombardeio aéreo —, a próxima guerra começará com um ataque cibernético maciço para destruir a capacidade militar ... e paralisar a infra-estrutura básica, como as redes elétricas.”

Wannacry, NotPetya, Equifax e outros exemplos motivam a UN

Guterres, assim como muitos líderes e especialistas, acreditam que grupos patrocinados pelo estado no ano passado investiram contra empresas multinacionais, portos e serviços públicos, em uma escala sem precedentes em todo o mundo. Um dos exemplos associados a esse tipo de ataque é o do ransomware Wannacry, que sequestrou os dados civis de pessoas e instituições em todo o mundo em maio de 2017.
Outro é da falha de segurança que resultou no vazamento de dados de mais de 143 milhões de pessoas nos Estados Unidos, o “caso Equifax”, poucos meses depois, em setembro. Mais recentemente, a infiltração maliciosa do NotPetya simplesmente roubou arquivos e não os devolveu — em episódio em que os norte-americanos acusaram os russos.
Na semana passada, o conselheiro especial dos Estados Unidos, Robert Mueller, indiciou 13 russos e três companhias russas, sob acusação de realizar conspiração criminal e de espionagem ao usar mídias sociais para interferir na eleição estadunidense de 2016.

O que fazer então?

Guterres ofereceu as UN como plataforma onde vários integrantes — de cientistas a representantes de governos — possam se encontrar e encontrar regras capazes de “garantir um caráter mais humano” a qualquer conflito envolvendo tecnologia da informações e, mais amplamente, para manter a internet como “um instrumento a serviço do bem”.

Aliados da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) afirmaram que no ano passado criaram princípios de ciberguerra para orientar seus militares sobre o que justificaria a implantação de armas de ataque cibernético de forma mais ampla, visando um acordo para o início de 2019. Segundo as concepções deliberadas até o momento, alguns acreditam que fechar uma usina inimiga por meio de uma investida virtual poderia ser mais eficaz do que enviar bombardeios aéreos.
A discussão está apenas começando e ainda deve dar muito pano para a manga. Seguimos acompanhando de perto.